quarta-feira, 4 de junho de 2014


 

Última fronteira


 

Quero morrer mas estou condenado a viver,

pois dei a minha vida àqueles que amo.

Esta vida que não é minha, nem sequer da morte.

 

Quando eu morrer não será de doença, mas sim de tristeza,

de viver nessa eterna agonia, nesta continua melancolia,

na certeza de não pertencer a lugar algum.

 

Fui feliz e tive a ilusão de poder merecer ser feliz

Porém, foram efémeros esses doces momentos,

em que me deixei transportar pelos sonhos.

 

Queria ser livre de poder morrer neste egoísmo

que porventura mereço, largar este eterno calvário

e ser livre para sempre.

 

Libertar-me de mim mesmo, deste desassossego,

ter que aceitar o que não entendo, ter que viver

esta ficção como sendo real.

 

Deixo passar o tempo, na certeza que a minha infelicidade

afasta de mim, que me quer bem. Vivi demasiado tempo agarrado

neste vazio do contato, isolado e resguardado da vida.

 

Fujo de novo, mudo de lugar em lugar, transportando-me

Como um pesado fardo, como uma condenação eterna.

Por isso, desejo morrer, porque não sei viver.
 
 

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