quinta-feira, 19 de junho de 2014


Evolução

 

Medito sobre mim, no que sou, no que fui e sou forçado a focar-me na evolução cíclica das gerações, pois não somos mais que heranças transmitidas de pais para filhos, não apenas os genes, mas todo este complexo enredo psicológico.

Eu sou, dessa forma, o reflexo desse conjunto de mensagens diretas e indiretas do meu pai e da minha mãe, e todas formam a minha personalidade, as que se traduziram em valores ou aquelas para as quais defini a minha própria mudança.

Mas aprofundando este raciocínio, poderei imaginar que o mesmo ocorreu na cabeça de um e de outro relativamente aos meus avós, e por aí em diante, em que cada indivíduo se formou relativamente às suas raízes.

Inversamente, vejo que os meus filhos, os meus netos e as próximas gerações terão necessariamente parte de mim impresso nos seus referenciais, que mesclados com toda a bagagem transmitida pela mãe os moldarão naquilo que são e serão.

Penso novamente em mim, nas minhas constantes interrogações, necessidade permanente de entender o que sinto, e vejo que tudo é uma questão de escala. O mundo corre à escala macro e eu caminho numa escala micro.

Reconheço que devo viver na escala real, que me permita interagir com as pessoas com quem partilho a minha existência, perco certamente a possibilidade de acompanhar o presente, sempre que vivo outro tempo, no qual o tempo também tem outra duração, na escala micro evidentemente se torna muito maior.

É uma loucura, quando me transporto para fora de mim e avalio as coisas nessa perspectiva cientifica e fria, sinto o ridículo do que vivo, sinto que não vivo igual aos outros. Verdade porém, é que não os escuto, pois estamos em escalas diferentes.

Tal como comunico daqui, desejaria poder do meu mundo, viver confortavelmente no vosso mundo. Sei que é todo o mesmo como eu sou só um apenas, mas a realidade é bem diferente da minha verdade.

Assim, neste egoísmo desmedido em que não sou o primeiro nem o último penso que o equilíbrio de gerações permitiu desde sempre a continuidade da nossa espécie. Os nossos pais estabelecem com os nossos filhos a ponte para as nossas falhas e é essa a forma que encontram, para compensarem as suas próprias falhas. E Eu farei exatamente o mesmo, se um dia conseguir realmente corresponder ao que acabo de escrever.
 

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